sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Prémio Nobel da LIteratura 2011

Este ano o Nobel da Literatura foi atribuído a um poeta o que já não acontecia há 15 anos. A Academia Sueca justificou a atribuição deste galardão a TOMAS TRANSTRÖMER, poeta sueco nascido há 80 anos em Estocolmo, salientando que "através das suas imagens condensadas e translúcidas, dá-nos um acesso fresco à realidade". Pouco conhecido entre nós, há a salientar que Tomas Tranströmer é o poeta sueco mais traduzido em todo o mundo e, na sua longa carreira dedicada à escrita venceu numerosos prémios literários, como o Prémio Literário do Conselho Nórdico, em 1990. Estudou literatura, psicologia e história das religiões na universidade e foi Psicólogo de profissão até 1990. Publicou o seu primeiro livro de poesia, 17 dikter (17 Poemas), aos 23 anos, e é autor de cerca de 20 livros.
Não há em Portugal tradução da sua obra, contudo alguns poemas seus aparecem no livro 21 Poetas Suecos publicados pela editora Vega, uma obra organizada por Vasco Graça Moura e Ana Hatherly. Aí, podemos encontrar, entre outros, o poema “Lisboa” onde o poeta destaca elementos típicos das zonas históricas da capital portuguesa. Aqui fica…

No bairro de Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas calçadas íngremes.
Havia lá duas cadeias. Uma era para ladrões.
Acenavam através das grades.
Gritavam que lhes tirassem o retrato.

“Mas aqui!”, disse o condutor e riu à sucapa como se cortado ao meio,
“aqui estão políticos”. Vi a fachada, a fachada, a fachada
e lá no cimo um homem à janela,
tinha um óculo e olhava para o mar.

Roupa branca no azul. Os muros quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde perguntei a uma senhora de Lisboa:
“será verdade ou só um sonho meu?

«Lisboa», poema publicado em 1966 e editado em português no volume 21 Poetas Suecos (Vega, 1980). Tradução de Vasco Graça Moura.
                                   (fonte: site do jornal Expresso e da revista Ler
)

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