No passado dia 4 de Dezembro, o escritor José Fanha esteve connosco e proporcionou a todos aqueles que o puderam ver uma tarde memorável. Na primeira sessão, dedicada aos alunos do 9ºano, José Fanha cativou de imediato com o seu discurso pleno de experiências de vida e de livros numa partilha que aproximou o público do escritor. Este mostrou como a leitura é uma bem maior para todos aqueles que lhe tomam o gosto. Temos a certeza que as suas palavras não deixaram ninguém indiferente e que o bichinho da leitura nasceu em alguns dos jovens que ali estavam. Foram muitos os alunos que, no fim da sessão, se aproximaram do escritor para lhe pedir autógrafos ou conversar.
Já no final da tarde, o escritor falou para um público bem diferente (Encarregados de Educação, Professores...) e também aí partilhou os seus conhecimentos sobre o modo como o gosto pela leitura pode nascer entre os nossos alunos e filhos. José Fanha salientou como a leitura é partilha de conhecimentos e, sobretudo, partilha de afetos e como é algo a ser cultivado insistentemente no seio da família e da escola desde a mais tenra idade...
No seu blogue http://queridasbibliotecas.blogspot.pt/, no dia 10 de Outubro, José Fanha publicou um post que não resistimos a partilhar aqui, pois nele encontramos as palavras que nos deixou nesta tarde memorável:
"Ler não é uma actividade natural e vital como comer, beber,
etc, etc.
Refiro-me a palavras e livros.
É natural chegar à janela e ler o tempo nas nuvens, olhar
para alguém e ler-lhe a boa ou má disposição na expressão do rosto. E tantas
outras coisas que lemos permanentemente e sem dar por isso.
Mas ler livros não é natural.
Há quem tenha curiosidade e apetência genuínas pelos
encantos que as palavras e os livros escondem. E há quem não tenho curiosidade
nenhuma. Ou, pior, quem por birra afirme assanhadamente que não quer ou não
gosta de ler.
A verdade é que ler tem de ser uma actividade induzida,
encaminhada, incentivada. Uma dádiva de amor e afecto. Os pais, os professores,
os promotores do livro e da leitura devem levar os seus meninos pela mão. É
preciso ler-lhes histórias, ajudá-los a escolher as suas histórias, dar-lhes
liberdade de encontrarem os seus caminhos de leitura.
E não basta ler aos meninos quando eles são pequeninos.
Ajudar os outros a ler e a amar a leitura é, quanto a mim, o trabalho de uma
vida.
A minha amiga Isabel Stilwell dizia-me que leu histórias aos
filhos à hora de dormir até aos 18 anos!
Atenção, senhores professores: ler é muito mais do que uma
competência. Um professor que se limita às competências é obviamente
incompetente. Porque as competências são só metade da verdade.
Ler é um acto civilizacional, de construção pessoal, de
encontro com o mundo.
Afirmou Gerges Steiner:
“Ler não é sofrer mas, falando com propriedade, estarmos
prontos a receber em nossa casa um convidado, ao cair da noite.”"
(José Fanha, http://queridasbibliotecas.blogspot.pt/)
BEM HAJA, JOSÉ FANHA!
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