terça-feira, 29 de novembro de 2011

COMUNIDADE DE LEITORES E FEIRA DO LIVRO


Tal como vem sendo hábito a nossa Comunidade de Leitores irá realizar-se na última 4.ª feira do mês, neste caso, no dia 30 de novembro, pelas 17,30h.
Esperamos poder contar com o grupo do costume e que cada um " traga um amigo também". Mesmo que tenham muito para fazer (isso é o nosso dia a dia...) aproveitem para vir e retemperar a alma.  
Mas há outro motivo (se é que precisam de um...) para vir à BE. A partir de dia 29 temos  a Feira do Livro, com boas sugestões para o Natal que se aproxima.
Não deixem que a crise vos consuma, venham e vejam a nossa feira.
"Quem tem um livro, tem um amigo"







segunda-feira, 28 de novembro de 2011

domingo, 27 de novembro de 2011

Mário Cesariny - 09/08/1923 - 26/11/2006


Mário Cesariny de Vasconcelos

Poeta, autor dramático, ficcionista, crítico, ensaísta, tradutor e artista
Plástico português, nasceu a 9 de agosto de 1923, em Lisboa, e morreu a 26 de novembro de 2006, também naquela cidade. 
Depois de ter estudado no Liceu Gil Vicente, entrou para Arquitetura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, onde frequentou o primeiro ano, e mudou depois para a Escola de Artes Decorativas António Arroio. Depois de ter frequentado esta escola, prosseguiu estudos de belas-artes em Paris, tendo, ainda, estudado música com o compositor Fernando Lopes Graça. 
Figura maior do surrealismo português, a influência que viria a exercer sobre as gerações poéticas reveladas nas décadas posteriores aos anos 50, período durante o qual publicou alguns dos seus títulos mais significativos, ainda não foi suficientemente avaliada. Promoveu a técnica conhecida por "cadáver esquisito", que consistia na elaboração de uma obra por um grupo de pessoas, num processo em cadeia criativa, na qual cada uma dava seguimento à criatividade da anterior, resultando numa espécie de colagem de palavras, a partir apenas de um acordo inicial quanto à estrutura frásica.
Colaborou em várias publicações periódicas como Jornal de Letras e Artes e Cadernos do Meio-Dia, entre outras. Começou por se interessar pelo movimento neorrealista - ainda que essa breve incursão não tenha ultrapassado mais que uma postura irónica e paródica, firmada em Nicolau Cansado Escritor - para, em 1947, regressado de Paris, onde frequentou a Academia de La Grande Chaumière e onde conheceu André Breton, fundar o movimento surrealista português. 
A sua postura polémica na defesa de um surrealismo autêntico levou-o, porém, a deixar o grupo no ano seguinte, para criar, com Pedro Oom e António Maria Lisboa, o grupo surrealista dissidente. 
Como um dos principais críticos e teóricos do movimento surrealista, manteve ao longo da sua carreira inúmeras polémicas literárias, quer contra os detratores do surrealismo quer contra os que, na prática literária, o desvirtuavam. 
A sua obra poética começou por refletir, em Corpo Visível ou Discurso Sobre a Reabilitação do Real Quotidiano, o gosto pela observação irónica da realidade urbana que, fazendo-se eco de Cesário Verde, constitui ainda uma fase pouco significativa relativamente a volumes próximos da prática surrealista como Manual de Prestidigitação. Aí, a mordacidade e o absurdo, o recurso ao insólito, aliados a uma discursividade que raramente envereda por um nonsense radical, como ocorre na obra de António Maria Lisboa, permitem estabelecer, como nenhum outro autor da década de 50, um ponto de equilíbrio entre o primeiro modernismo e a revolução surrealista. 
No domínio do teatro, em Um Auto Para Jerusalém, pastiche de um conto de Luís Pacheco, revela a influência de Pirandello ou da prática teatral de Alfred Jarry. No fim da década de 60 e início de 70, Mário de Cesariny encetou um trabalho de reposição da verdade histórica do movimento surrealista, coligindo os seus manifestos, editando a obra poética inédita de alguns dos seus representantes, e dando ao prelo textos seus datados do período de maior envolvimento com a teoria e prática do surrealismo, como 19 Projetos de Prémio Aldonso Ortigão seguidos de Poemas de Londres (1971), ou Primavera Autónoma das Estradas (1980) ou o romance Titânia (1977).
Recebeu o Grande Prémio EDP de Artes Plásticas 2002, e, em 2005, a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, entregue pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio. Em novembro desse mesmo ano, seria ainda galardoado com o Grande Prémio Vida Literária, numa homenagem à sua notável contribuição para a literatura portuguesa.

Mário Cesariny de Vasconcelos. In Infopédia, Porto: Porto Editora, 2003-2011. Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$mario-cesariny-de-vasconcelos>.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

FILME A VER


ÁGORA

FICHA TÉCNICA:
  • REALIZAÇÃO: Alejandro Amenábar
  • INTERPRETAÇÃO: Rachel Weisz, Ashraf Barhom, Max Minghella, Oscar Isaac
  • ARGUMENTO: Alejandro Amenábar
  • Espanha, 2009
  • 126 min.

SINOPSE:
Século IV. No Egipto, sob o poder do Império Romano, violentos confrontos sociais e religiosos invadem as ruas de Alexandria… Presa entre paredes, sem poder sair da lendária livraria da cidade, a brilhante astrónoma, Hypatia, com a ajuda dos seus discípulos, faz tudo para salvar os documentos da sabedoria do Antigo Mundo… Entre os discípulos, encontram-se dois homens que disputam o seu coração: o inteligente e privilegiado Orestes e o jovem Davus, escravo de Hypatia, dividido entre o amor secreto que nutre por ela e a liberdade que poderá ter ao juntar-se à imparável vaga de Cristãos.

PROCURA-O NA B.E.


MIA COUTO - O escritor e a ciência


Uma palavra de conselho e um conselho sem palavras
de Mia Couto
Sou escritor e cientista. Vejo as duas actividades, a escrita e a ciência, como sendo vizinhas e complementares. A ciência vive da inquietação, do desejo de conhecer para além dos limites. A escrita é uma falsa quietude, a capacidade de sentir sem limites. Ambas resultam da recusa das fronteiras, ambas são um passo sonhado para lá do horizonte. A Biologia para mim não é tanto uma disciplina científica mas uma história de encantar, a história da mais antiga epopeia que é a Vida. É isso que eu peço à ciência: que me faça apaixonar. É o mesmo que eu peço à literatura.
Muitas vezes jovens me perguntam como se redige uma peça literária. A pergunta não deixa de ter sentido. Mas o que deveria ser questionado era como se mantém uma relação com o mundo que passe pela escrita literária. Como se sente para que os outros se representem  em nós por via de uma história? Na verdade, a escrita não é uma técnica e não se constrói um poema ou um conto como se faz uma operação aritmética. A escrita exige sempre a poesia. E a poesia é um outro modo de pensar que está para além da lógica que a escola e o mundo moderno nos ensinam. É uma outra janela no nosso olhar sobre as coisas e as criaturas. Sem a arrogância de as tentarmos entender. Só a ilusória tentativa de nos tornarmos irmãos do universo.
Não existem fórmulas feitas para imaginar e escrever um conto. O meu segredo (e que vale só para mim) é deixar-me maravilhar por histórias que escuto, por personagens com quem cruzo e deixar-me invadir por pequenos detalhes da vida quotidiana. O segredo do escritor é anterior à escrita. Está na vida, está na forma como ele está disponível a deixar-se tomar pelos pequenos detalhes do quotidiano.
O conto é feito com pinceladas. É um quadro sem moldura, o início inacabado de uma história que nunca termina. O conto não segue vidas inteiras. É uma iluminação súbita sobre essas vidas. Um instante, um relâmpago. O mais importante não é o que revela mas o sugere, fazendo nascer a curiosidade cúmplice de quem lê. No conto o que é importante não é tanto o enredo mas o surpreender em flagrante a alma humana. No conto (como em qualquer género literário) o mais importante não é o seu conteúdo literário mas a forma como ele nos comove e nos ensina a entender não através do raciocínio mas do sentimento (será que existem estas categorias, assim separadas?).
Na ciência (como em outras actividades) o mais importante não é o que chamamos científico. É o lado humano. Criou-se uma ideia de que o cientista é isento de erro, uma espécie de ser privilegiado que apenas trilha pelos atalhos do rigor e da exactidão. Criou-se a ideia de que o erro é inimigo da ciência. Essa aversão pelo erro é o mais grave dos erros. É vital errarmos, e devemos afastar o medo de errar. Devemos manter o gosto por experimentar, mesmo cometendo falhas. A natureza foi evoluindo graças ao erro básico que é a mutação. Se os genes nunca falhassem na sua duplicação não haveria a diversidade necessária para a continuidade da Vida. Os processos vitais exigem, ao mesmo tempo, o rigor e o erro. Não podemos ter medo de não saber. O que devemos recear é o não termos inquietação para passarmos a saber.
O meu amigo Quintanilha vos poderá falar da descoberta do primeiro antibiótico por A. Fleming. Aquele cientista não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo quando notou que uma mancha estranha surgia nas placas de Petri do seu laboratório. Ele estava pesquisando um assunto bastante diverso. Foi por acidente que ele descobriu a penicilina. Foi por acidente que se descobriu um medicamento que salvou milhões de seres humanos. A dupla de Watson e Crick resolveu o problema da arquitectura tridimensional do ADN não apenas porque estudou a sua estrutura mas porque foi capaz de sonhar e deixar-se assaltar por intuições estéticas. Conta-se (não sei se é ficcionado) que experimentando modelos de plasticina um deles virou-se para o outro e disse: parece-me que é assim. E o outro perguntou: como é que sabes? E a resposta foi: porque é bonito.
Não é a grande descoberta científica que pode ser motivo de um pequeno conto, não é o facto científico em si mesmo. O que interessa para o conto é o conflito interior das pessoas, o pequeno detalhe de quem se surpreende e se descobre um outro. O que pode suscitar uma pequena história é quanto por trás do cientista reside um homem, com suas ignorâncias, suas incertezas e suas crenças muito pouco científicas. Imaginemos, por exemplo, que surpreendemos o dia-a-dia de um astrónomo que passa a vida espreitando a escuridão do Universo, espiando os buracos negros. E que descobrimos que, à noite, ele tem que dormir de luz acesa e só adormece de mão dada com a mulher porque tem receio do escuro do seu quarto. Aqui pode estar um motivo de uma bela história. No fundo, mesmo o mais moderno e consagrado cientista está ainda em confronto com os nossos mais antigos fantasmas. A ciência é uma resposta. Não a resposta.
Portanto, o único conselho é este: escutar. Tornarmo-nos atentos a vozes que fomos encorajados a deixar de ouvir. Tornemos essas vozes visíveis. E mantermos viva essa capacidade que já tivemos na nossa infância de nos deslumbrarmos. Por coisas simples, que se localizam na margem dos grandes feitos. Um contínuo da escola, um servente que presta apoio às aulas laboratoriais, pode ser mais sugestivo que o mais prestigiado académico. O que importa do ponto de vista do escritor é a capacidade que essa personagem tem de suscitar histórias e de nos revelar facetas da nossa própria humanidade.
A terra onde nasci e onde vivo – Moçambique – é um país pobre e apenas um pequeno grupo tem acesso àquilo que chamamos ciência. Mas existem nas zonas rurais gente que, sendo analfabeta, é sábia. Eu aprendo muito com esses homens e mulheres que têm conhecimentos de outra natureza e que são capazes de resolver problemas usando uma outra lógica para a qual o meu cérebro não foi ensinado. Este mundo rural, distante dos compêndios científicos, não tem menos sabedoria que o mundo urbano onde vivemos.
Regresso, por fim, ao universo da escrita literária. Só se escreve com intensidade se vivemos intensamente. Não se trata apenas de viver sentimentos mas de ser vivido por sentimentos. A escola muitas vezes  “aconselha”-nos a olhar o mundo através de uma só janela. E acreditarmos que só é verdade aquilo que for sujeito ao veredicto da ciência. Assim fechamos a nossa disponibilidade para outras verdades. Ficamos mais pobres, mais centrados no nosso isolamento.
Há quem acredite que a ciência é um instrumento para governarmos o mundo, Mas eu preferia ver no conhecimento científico um meio para alcançarmos não domínios mas harmonias. Criarmos linguagens de partilha com os outros, incluindo os seres que acreditamos não terem linguagens. Entendermos e partilharmos a língua das árvores, os silenciosos códigos das pedras e dos astros.
Conhecermos não para sermos donos. Mas para sermos mais companheiros das criaturas vivas e não vivas com quem partilharmos este universo. Para escutarmos histórias que nos são, em todo momento, contadas por essas criaturas.

24 DE NOVEMBRO - DIA NACIONAL DA CULTURA CIENTÍFICA


"Hoje é dia 24 de Novembro, Dia Nacional da Cultura Científica, em homenagem a Rómulo de Carvalho: professor, metodólogo, investigador, e autor de manuais escolares, de livros de divulgação científica e de poesia, estes últimos sob o pseudónimo de António Gedeão.
Em 1996, Mariano Gago, o então Ministro da Ciência e da Tecnologia e admirador da obra de Rómulo de Carvalho que completava 90 anos, propôs uma homenagem nacional ao talentoso professor. Mariano Gago já havia prefaciado, em 1992, o livro “A Física no dia-a-dia”, onde dá conta do valor de Rómulo de Carvalho, mas considerou que era oportuna a iniciativa de uma homenagem maior. Na notícia do jornal “Público” de 24 de Novembro de 1996, propôs que aquele dia do ano se tornasse Dia da Cultura Científica.Esse dia devia ser «momento privilegiado, todos os anos, de balanço, de reflexão e de acção sobre o papel do conhecimento no nosso futuro». 
Rómulo de Carvalho publicou cerca de cem obras, desde livros sobre a história da ciência aos seus cadernos de divulgação científica, não esquecendo os manuais escolares, ainda na memória de muitos como os “cadernos do Pedrito” (modo carinhoso de referir os seus livros de Ciências da Natureza) ou os compêndios de Física do ensino secundário.
Publicou dois livros de divulgação de ciência em três números da colecção “Biblioteca Cosmos”, dirigida por Bento de Jesus Caraça, que foi um marco da divulgação de ciência nos anos 40. Foi mentor e autor da coleção “Ciência para Gente Nova”, onde publicou oito dos nove livros dessa coleção. Tratam de histórias de ciência ou de desenvolvimentos tecnológicos: o do telefone, da fotografia, dos balões, da eletricidade estática, do átomo, da radioatividade, dos isótopos e da energia nuclear. Alguns desses títulos chegaram à terceira edição. A “História dos Balões”, conheceu mesmo uma quarta edição nos anos 90.
Rómulo de Carvalho procurou dirigir-se em «Física para o Povo», não a uma elite instruída ou interessada em ciência mas a toda a gente. Publicou esse livro «com a intenção de promover a cultura popular», como ele próprio escreve nas suas «Memórias». A reedição, em 1995, saiu com o novo título de “A Física no dia-a-dia” por decisão de Rómulo de Carvalho que escreve «…não me pareceu bem aquela referência ao povo depois do 25 de Abril.».
Um dos vários trabalhos, com o objetivo de promover a ciência e o conhecimento científico e tecnológico, que Rómulo de Carvalho abraçou após a sua aposentação foram os 18 "Cadernos de Iniciação Científica",onde recorreu a uma linguagem atraente no discurso e na imagem. O valor destes cadernos justifica que eles tenham sido reunidos num só volume, em 2004, com a chancela da Relógio D’Água. Nesse volume encontra-se uma abordagem científica de temas basilares da ciência como os constituintes da matéria, a energia, ondas e corpúsculos, magnetismo e eletromagnetismo."
Helena Aires Rodrigues, Professora de Física e Química na Escola Secundária de D. Duarte – Coimbra e Doutoranda em Ensino das Ciências – ramo de Física. (retirado do blog Rerum Natura)

António Gedeão
 Poema para Galileo

Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece, 
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce 
sobre um modesto cabeção de pano. 
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florenca. 
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria 
Eu sei... Eu sei... 
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia. 
Ai que saudade, Galileo Galilei!
Olha. Sabes? Lá em Florença 
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário. 
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa 
que entraste no calendário.

Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência as coisas que me deste. 
Eu, 
e quantos milhões de homens como eu 
a quem tu esclareceste, 
ia jurar -- que disparate, Galileo! 
-- e jurava a pés juntos e apostava a cabeca 
sem a menor hesitação -- 
que os corpos caem tanto mais depressa 
quanto mais pesados são. 
Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia 
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu. 

Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo 
e tinhas à tua frente 
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo 
a olharem-te severamente. 
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade 
e da tua condição, 
se estivesse tornando num perigo 
para a Humanidade 
e para a Civilizacão. 

Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios. 
Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas 
e poisaram, como aves aturdidas -- parece que estou a vê-las --, 
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas. 
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual 
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal 
e que os astros bailavam e entoavam 
à meia-noite louvores à harmonia universal. 
E juraste que nunca mais repetirias 
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias 
que ensinavas e escrevias 
para eterna perdição da tua alma. 

Ai, Galileo!
Mal sabiam os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo,
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços 
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei. 
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade, 
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos 
a quem Deus dispensou de buscar a verdade. 

Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas, 
foram caindo, 
caindo, 
caindo, 
caindo, 
caindo sempre, 
e sempre, 
ininterruptamente, 
na razão directa dos quadrados dos tempos.




terça-feira, 22 de novembro de 2011

O LIVRO DA QUINZENA - Coleção As Aventuras de Tintim

O herói desta coleção é Tintim, um jovem repórter e viajante belga. Nas suas aventuras conta com a preciosa ajuda do seu fiel cão, Milu, Os dois apareceram pela primeira vez a 10 de janeiro de 1929, no Le Petit Vingtième, um suplemento do jornal Le Vingtième Siècle destinado ao público infantil. Mais tarde, juntaram-se ao elenco o Capitão Haddock e os gémeos Dupond e Dupont entre outras personagens pitorescas.
Esta banda desenhada é muito apreciada pela qualidade dos seus expressivos desenhos bem como pelo estilo ligne claire típico de Hergé. O autor cria histórias bem elaboradas cheias de aventuras, plenas de fantasia, mistério, espionagem, e até de ficção científica, tudo bem temperado com humor e alguma sátira.
Os livros de Tintim são um sucesso e já foram alvo de adaptação para televisão (versões animadas que poderão ser requisitadas na nossa Biblioteca) e para cinema. A última adaptação em filme e aquela que, talvez, dá a conhecer Tintim à nova geração é a realizada por Steven Spielberg e Peter Jackson. Intitula-se As Aventuras de Tintim: O Segredo de Licorne e conjuga os livros O Caranguejo das Tenazes de Ouro, O Tesouro de Rackham, o Terrível e O Segredo do Licorne. 
Aqui fica o trailer,  para abrir o apetite para a leitura e para o filme (atualmente, nos cinemas)...